quinta-feira, 29 de junho de 2023

Por que o mosquito Aedes aegypti transmite tantas doenças no Brasil?

Por que o mosquito Aedes aegypti transmite tantas doenças no Brasil? Simplesmente porque ele está amplamente distribuído pelo país, em áreas rurais, de florestas e inclusive em áreas urbanas e está do ponto de vista entomológico muito especializado em relação à sua multiplicação e sobrevivência, possui uma esplendorosa capacidade de se adaptar e procriar, colocando seus ovos em paredes de recipientes ou estruturas sólidas semi imersas em vários criadouros naturais ou artificiais. Sua capacidade de se procriar é de causar inveja a qualquer outro ser vivo. Possui também a descomunal capacidade de se infectar por diversas espécies e sorotipos virais além de ter à sua disposição uma gigantesca população de homens doentes expostos sem proteção e sem tratamento. Tem também principalmente em áreas urbanas acolhimento de primeiro mundo em nossas casas com água, alimentos (sangue humano e animal) e temperatura amena. “Proteger o homem doente da picada de mosquitos transmissores de doenças, é mais eficiente forma de se controlar essas epidemias e endemias que assolam diversos países levando aos seus povos dor, sofrimento e perdas humanas”. Uma medida simples como essa rompe o ciclo dessas doenças com essa característica de transmissão impedindo que esses mosquitos se infectem e transmitam doenças. Um mosquito não infectado não transmite nada. Os mosquitos transmissores de doenças coitados, sequer sabem o mal que causam aos seres humanos quando picam alguém doente. A ideal de vida deles é como o dos pássaros, voar, cantar, se alimentar e procriar. Infelizmente para nós humanos, nosso sangue faz parte do cardápio desses insetos. Já passou da hora a necessidade das políticas de controle tomar verdadeiramente os rumos do controle. A dor, o sofrimento, as vidas que se perderam ou ficaram pelo caminho e os mártires dessas endemias agradecerão! Que fique esta frase estampada na primeira página de muitos Jornais: “Nas doenças transmitidas por picadas de mosquito – proteger o homem doente é preciso”. Essa frase também vale para o controle de transmissão da malária, e os mosquitos transmissores são outros, alguns mosquitos do gênero Anopheles. Wanir Barroso, sanitarista especialista em epidemiologia e controle de endemias pela Fiocruz.

domingo, 27 de abril de 2014

"MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES" #MALARIA - FIVE IMPORTANT INFORMATION FOR TRAVELERS.

SE VOCÊ FOR VIAJAR OU ESTIVER RETORNANDO DE ALGUNS DOS PAÍSES ENDÊMICOS DE MALÁRIA LISTADOS NO LINK https://map.ox.ac.uk/country-profiles/#!/ . NÃO DEIXE DE LER AS INFORMAÇÕES ABAIXO OU TIRAR SUAS DÚVIDAS SOBRE A DOENÇA. ISTO PODE DIMINUIR O RISCO DE VOCÊ CONTRAIR A DOENÇA, EVITAR QUE LEVE MALÁRIA DE UM PAÍS PARA O OUTRO, IMPEDIR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA PARA SUAS FORMAS GRAVES E ATÉ MESMO SALVAR SUA VIDA! O CONTROLE DA MALÁRIA NO PLANETA TAMBÉM DEPENDE DE VOCÊ! DISSEMINE E DEMOCRATIZE SEU CONHECIMENTO!........................................................................................................................................................... 1. EVITAR A PICADA DE MOSQUITOS COM O USO DE REPELENTES. Os repelentes são substâncias químicas que repelem insetos quando aplicados sobre a pele. Os repelentes à base de DEET (N-N Dietiltoluamida) são efetivos por cerca de apenas 02 horas. Existem no mercado produtos com apresentações (creme e aerossol) e concentrações de DEET diversas. Devem ser usados nas partes descobertas do corpo, inclusive nas orelhas. Testar pequena quantidade sobre a pele antes de usar torna-se importante para avaliar processos alérgicos ao DEET. A proteção dos olhos, nariz e boca deve ser observada. Nunca acreditar que repelentes protegem ou repelem insetos por longos períodos, o nível de proteção é limitado à concentração do princípio ativo e às condições de uso de cada produto. A icaridina é outro princípio ativo que também repele insetos. Seu nível de proteção também deve ser avaliado. Use aquele que lhe dê conforto. A transpiração e o suor atraem picadas de mosquitos, você já deve ter tido esta experiência. Habitantes de áreas endêmicas ou de transmissão da doença normalmente não usam repelentes e desestimulam você a usar, na maioria das vezes porque banalizam a doença, principalmente aqueles que já contraíram múltiplas malárias. O desconforto de usar um produto sobre a pele com cheiro forte também desestimula o uso. Ambientes telados ou com ar condicionado também reduzem a possibilidade de picadas de mosquitos. Excetuando-se roupas de astronauta, nenhuma das tecnologias acima oferece proteção de 100% contra picadas de mosquito, que é a principal forma de transmissão de malária. No link em seguida está a distribuição dos principais mosquitos transmissores de malária no planeta.( http://malariabrasil.blogspot.com/2010/05/distribuicao-dos-principais-mosquitos.html ) Os mosquitos transmissores de malária estão distribuídos por praticamente todo planeta. O Anopheles darlingi é o principal transmissor de malária no Brasil, veja no mapa. São cerca de 54 espécies de mosquitos com capacidade de se infectar com o Plasmodium e transmitir malária, todas pertencentes ao gênero Anopheles. Uma característica visual desses mosquitos se reside no fato deles pousarem sobre a pele formando um angulo de aproximadamente 45 graus. http://malariabrasil.blogspot.com.br/2011/06/video-ciclo-evolutivo-da-doenca.html Em países como os Estados Unidos, vários países europeus e até mesmo no Japão também existe mosquitos transmissores de malária.Nesses países não temos a doença de forma endêmica. As antigas áreas endêmicas de malária dos EUA são hoje regiões de transmissão interrompida pelo tratamento de casos, e não pela eliminação do vetor. Lá também existe o risco de reintrodução da doença por existir mosquitos transmissores em algumas regiões e circulação de doentes vindos de áreas endêmicas........................................................................................................................................................... 2. PROCURAR SABER SE VOCE ESTÁ EM ÁREA DE TRANSMISSÃO DE MALÁRIA. Procure saber se existem casos de malária onde você está. Se existem, você está em uma área de transmissão e é real a possibilidade de se contrair a doença. Se há casos é porque existem mosquitos transmissores em circulação infectados com os protozoários transmitindo malária. Acreditar que em algumas regiões do planeta há transmissão de malária inclusive em áreas urbanas. Na Ásia, África e nas Américas Central e do Sul isto é realidade. Você não vai ouvir nem ver propaganda de malária em lugar nenhum. Nos países africanos, por exemplo, você vai entrar e sair de áreas de transmissão de malária sem estar sabendo. País nenhum faz propaganda de suas doenças. Qualquer informação sobre malária em meios de comunicação normalmente assustam quem nunca teve ou desconhece a doença. Acredite também que a malária está sem controle no planeta. Os portos e aeroportos também são locais onde pode ocorrer transmissão de malária, principalmente os que recebem embarcações e aeronaves provenientes de países endêmicos. Mosquitos infectados também se utilizam de vários meios de transporte. Você já deve ter flagrado mosquitos lhe picando no seu carro ou ônibus. Encontrar mosquitos e outros insetos em aeronaves e embarcações é também realidade. ........................................................................................................................................................................................ 3. PENSAR EM MALÁRIA SE TIVER FEBRE – Se você for viajar para algum dos 100 países do link (http://www.map.ox.ac.uk/explore/countries/), ou alguma área de transmissão de malária no Brasil, como AM, PA, TO, AC, RO, RR, AP, oeste do Maranhão e norte de Mato Grosso, além de regiões de Mata Atlântica na região sudeste nos Estados de SC, PR, SP, RJ, ES (http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21170:a-malaria-brasileira-fora-da-amazonia&catid=46:artigos&Itemid=18) e regiões do vale do Rio Paraná, e vier a apresentar FEBRE como principal sintoma a partir do oitavo dia da chegada e até 30 dias após a volta ao país de origem, deve-se sempre PENSAR EM MALÁRIA como possibilidade de diagnóstico pelo simples fato de ter passado ou frequentado área de transmissão da doença! Os outros sintomas da malária são diarreia, vômitos, dor de cabeça, dor abdominal, falta de apetite, mal estar geral, entre outros. A maioria dos profissionais de saúde, incluindo os médicos, fora das áreas de transmissão de malária em todos os países RARAMENTE PENSA EM MALÁRIA DIANTE DE UM PACIENTE FEBRIL, a não ser que você informe que viajou e esteve em área endêmica ou de transmissão de malária........................................................................................................................................................................... 4. SABER ONDE BUSCAR POR SOCORRO MÉDICO – Fora das áreas endêmicas de malária os recursos assistenciais e laboratoriais para diagnosticar e tratar malária são poucos e concentrados em algumas poucas regiões. Procure saber na sua cidade ou onde você está qual hospital, médico ou laboratório estão habilitados e capacitados a fazer diagnóstico e tratamento de malária. Se você está numa área de transmissão da doença num país diferente do seu e vier a apresentar qualquer dos sintomas citados acima, procure por socorro médico antes de embarcar de volta. Os Órgãos de Saúde de qualquer lugar saberão lhe informar os telefones e endereços de onde buscar por socorro médico especializado para diagnosticar e tratar malária. Lembrem sempre que malária é uma doença de evolução rápida e que pode evoluir para suas formas graves e levar ao óbito em poucos dias se não for diagnosticada e tratada, principalmente a malária causada pelo P. falciparum. A morte por malária se dá por falência de vários órgãos. As principais causas de óbitos por malária em qualquer lugar são o retardo de diagnóstico e de tratamento e a desinformação sobre a doença.Tem sempre um melhor prognóstico e chances reais de cura aqueles que diagnosticam e iniciam o tratamento da doença logo no início do aparecimento dos sintomas. Malária causada pelo P. falciparum deve ser sempre considerada como uma emergência médica . A malária causada por esse protozoário é responsável por quase 100% dos óbitos por malária no planeta. ....................................................................................................................................................................................... 5. NÃO SE AUTOMEDICAR – Se você está ou esteve em áreas de transmissão de malária e apresentou sintomas sugestivos de malária não se automedique. Acredite em primeiro lugar que os seus sintomas podem ser de malária. Procure por socorro médico para fazer o diagnóstico e tratamento, informando ao médico que esteve em área ou país endêmico de malária. Os sintomas iniciais da malária são muito parecidos com o de outras doenças, inclusive as doenças virais. O período de incubação da malária varia de 8 a 30 dias ou mais. Período de incubação é o período que vai da picada do mosquito até o início dos sintomas, e corresponde à fase hepática da doença. Na malária, se o homem for picado por mosquitos infectados duas vezes num mesmo dia, ele desenvolve duas malárias ao mesmo tempo com níveis altos de parasitemia e sintomas muito mais exuberantes. Níveis altos de parasitemia (quantidade de protozoários no sangue) aceleram as formas graves da doença e o óbito. Automedicaçao com medicamentos antitérmicos reduzem a febre, mas não curam malária. Somente os medicamentos antimaláricos curam a malária quando prescritos de forma correta. Não se automedique de forma alguma com medicamentos antimaláricos para "evitar" a malária em áreas de transmissão. Nenhum deles impede a infecção malárica. Se for picado por um mosquito infectado com o Plasmodium vai desenvolver a doença pelo menos até a fase hepática. Sem falar da toxicidade desses medicamentos, dos efeitos colaterais e restrições de uso. As doses utilizadas nesses casos são subterapêuticas, insuficientes para curar ou "evitar" a doença. Não são poucas as cepas de protozoários resistentes aos antimaláricos. A cloroquina e a mefloquina, por exemplo, são antimaláricos que perderam sua eficácia frente aos Plasmódios em vários países. Outra coisa, se o Plasmodium for resistente ao medicamento utilizado você desenvolverá a doença com todo rigor dos sintomas que o protozoário impõe. E o pior de tudo, o uso desses medicamentos utilizados dessa forma causam uma falsa sensação de segurança em quem os utiliza, e por conta disso acabam por se expor mais aos mosquitos transmissores da doença aumentando a possibilidade de contrair a doença. Quem faz o diagnóstico e o tratamento na fase inicial da doença tem sempre um melhor prognóstico, com chances reais de cura em Centros de Diagnóstico e Tratamento. A quimioprofilaxia em malária prescrita por médicos habilitados encontra as mesmas barreiras técnicas. (http://malariabrasil.blogspot.com.br/2010/04/malaria-quimioprofilaxia-e-medidas-de.html) Nem em situações extremas em áreas de transmissão da doença se justifica o uso de antimaláricos para uma malária que ainda não se contraiu. Uma frase para botar no quadro: "Medicamento não é vacina, por isso não evita a malária!" Infelizmente ainda não temos vacina contra a malária! Dr Wanir J. Barroso, sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias- Fiocruz/RJ........................................................................................................................................................ Autorizado a reprodução deste texto desde que citada a fonte e o autor. No link abaixo o folder "Conheça a Malária" com os tels dos principais Centros de Referência para diagnóstico e tratamento de Malária no Brasil. http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_569194722.pdf SE VOCÊ CONSIDEROU COMO "ÚTIL PARA VIAJANTES" AS INFORMAÇÕES QUE ACABOU DE LER - COMPARTILHE! ...........................ONDE BUSCAR POR SOCORRO MÉDICO NO BRASIL........................................CENTROS DE REFERÊNCIA PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE MALÁRIA NO BRASIL......................... ......ACRE (AC) Nome da Instituição: Secretaria Estadual de Saúde Setor Responsável: Divisão de Endemias do Acre Endereço: Av. Getúlio Vargas, 1.446 – Bosque – Rio Branco/AC – 69908-650 Telefone: (68) 3222-4978 / 3224-7019 ......ALAGOAS (AL) Nome da Instituição: Hospital Escola Hélvio Auto (HEHA) Setor Responsável: Pronto Atendimento Endereço: Rua Cônego Fernando Lira, s/n – Trapiche da Barra – Maceió/AL – 57017-420 Telefone: (82) 3315-3204 / 3315-3203 Email: nve_heha@saude.al.gov.br ......AMAZONAS (AM) Nome da Instituição: Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) Setor Responsável: Gerência de Malária Endereço: Av. Pedro Teixeira, 25 – Dom Pedro – Manaus/AM – 69040-000 Telefone: (92) 2127-3431 / 2127-3443 ......BAHIA (BA) Nome da Instituição: Hospital Couto Maia (HCM) Setor Responsável: Pronto Atendimento do HCM Endereço: Rua Rio São Francisco, s/n – Monte Serrat – Salvador/BA – 40425-060 Telefone: (71) 3316-3084 .......CEARÁ (CE) Nome da Instituição: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará / Hospital São José – HSJ (Doenças Infecciosas) Setor Responsável: Urgência Endereço: Rua Nestor Barbosa, 315 – Parquelândia – Fortaleza/CE – 60455-610 Telefone: (85) 3101-2352 / 3101-2323 / 3101-2319 ......DISTRITO FEDERAL (DF) Nome da Instituição: Subsecretaria de Vigilância à Saúde/Secretaria de Estado de Saúde do DF Setor Responsável: Núcleo de Controle de Endemias Endereço: hospitais regionais e as UPA, ou entrar em contato com a equipe volante que atende os casos suspeitos de malária. Telefone: (61) 9249-0000 / 9668-2512 ......ESPÍRITO SANTO (ES) Nome da Instituição: Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM) (centro de referência em malária do viajante) Setor Responsável: Ambulatório de doenças infecciosas e parasitárias (DIP) Endereço: Avenida Marechal Campos, 1355, Ambulatório de DIP (casa 5, fundos) – Santos Dumont – Vitória/ES – 29043-900 Telefone: (27) 3335-7188 Telefax: (27) 3335-7406 Nome da Instituição: Laboratório Central de Saúde Publica do ES (unidade de referência para diagnóstico) Centros para diagnóstico e tratamento de malária Setor Responsável: Setor de malária Endereço: Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 2025 – Bento Ferreira – Vitória/ES –29050625. Telefone: (27) 3636-8388/ 3636-8393 Email: lacen.malaria@saude.es.gov.br Nome da Instituição: Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde de Colatina Setor Responsável: Laboratório de malária do CCZ (unidade de referência para diagnóstico) Endereço: Estrada Colatina-Barbados, 1055 – Barbados – Colatina/ES –29700-000. Telefone: (27) 3721-1681/ 3721-1978 Email: prefeitura@colatina.es.gov.br; cczcolatina@ig.com.br Nome da Instituição: Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde de Linhares Setor Responsável: Laboratório do CCZ (unidade de referência para diagnóstico) Endereço: Avenida Álvaro Garcia Durão, 299 – Três Barras – Linhares/ES – 29901-035 Telefone: (27) 3371-1480/ 3371-4098 Email: zoonose@linhares.es.gov.br Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Barra de São Francisco Setor Responsável: Laboratório de malária (unidade de referência para diagnóstico) Endereço: Rua Coronel Djalma Borges, s/n – Centro – Barra de São Francisco/ES – 29800-000 Telefone: (27) 3756-7478 Email: henrriquegoulart@hotmail.com Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Aracruz Setor Responsável: Laboratório do CCZ (unidade de referência para diagnóstico) Endereço: Rua Projetada, s/n – Vila Nova – Aracruz/ES Telefone: (27) 3296-1365 Email: semsa.ccz@aracruz.es.gov.br ......GOIÁS (GO) Nome da Instituição: Hospital de Doenças Tropicais (unidade de referência para tratamento) Setor Responsável: Endereço: Av. Contorno Q Área, 3556 km 1 lt 1 – Jardim Bela Vista – Goiânia/GO – 74000-000 Telefone: (62) 3201-3673 / 3201-3674 Nome da Instituição: LACEN/GO - Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Imunoparasitárias Endereço: Av. Contorno, 3556 – Jardim Bela Vista – Goiânia/GO – 74853-120 Telefone: (62) 3201-9669 ......MARANHÃO (MA) Nome da Instituição: Hospital Universitário “Pres. Dutra” – UFMA Setor Responsável: Clínica Médica Endereço: Rua Barão de Itapary, 227 – Centro – São Luis/MA – 65020-070 Telefone: (98) 3219-1002 / 3219-1003 ......MATO GROSSO (MT) Nome da Instituição: Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) Setor Responsável: Ambulatório de Infectologia Endereço: Rua Dr. Luiz Phelipe Pereira Leite, s/n – Alvorada – Cuiabá/MT – 78060-900 Telefone: (65) 3615-7253 ......MATO GROSSO DO SUL (MS) Nome da Instituição: Secretaria de Estado de Saúde Setor Responsável: Laboratório Central de Mato Grosso do Sul – LACEN Endereço: Rua Filinto Muller, 1660 – Vila Ipiranga – 79074-460 Telefone: ......MINAS GERAIS (MG) Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Alto Caparaó Setor Responsável: Endereço: Avenida Pico Bandeira, 1199 – Centro – Alto Caparaó/MG – 36836-000 Telefone: (32) 3747-2627 / 3747-2621 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Araguari Setor Responsável: Endereço: Rua Dr. Afrânio, 163, sala 15 – Centro – Araguari/MG – 38440-072 Telefone: (34) 3690-3101 / 3690-1906 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Arinos – PSF Primavera Setor Responsável: Endereço: Rua Sant' Clair, 20 – Primavera II – Arinos/MG – 38680-000 Telefone: (38) 3635-2511 Nome da Instituição: Faculdade de Medicina (UFMG) Setor Responsável: Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas/UFMG Endereço: Av. Profº. Alfredo Balena, 190, Sala 139 - Santa Efigênia – Belo Horizonte/MG – 30130-100 Telefone: (31) 3226-6269 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Buritis Setor Responsável: Endereço: Rua Paraná, 496, Centro – Buritis/MG – 38660-000 Telefone: (38) 3671-1139 Nome da Instituição: Laboratório Regional da Gerência Regional de Saúde de Diamantina Setor Responsável: Endereço: Praça da Alvorada, s/n – Bairro Polivalente – Diamantina/MG – 39100-00 Telefone: (38) 3531-1265 Nome da Instituição: Hospital Municipal de Governador Valadares Setor Responsável: Endereço: Rua Teófilo Otoni, 361 – Centro – Governador Valadares/MG – 35020-600 Telefone: (33) 3271-7231 Nome da Instituição: Hospital Municipal Eliane Martins Setor Responsável: Endereço: Av. Felipe dos Santos, 123 – Cidade Nobre – Ipatinga/MG – 35162-369 Telefone: (31) 3828-5651 / 3829-8724 Nome da Instituição: Hospital Filantrópico Márcio Cunha Setor Responsável: Endereço: Av. Engenheiro Kiyoshi Tsunawaki, 41 – Cariru – Ipatinga/MG – 35160-158 Telefone: (31) 3829-9272 Nome da Instituição: Policlínica Municipal de Itabira Setor Responsável: Endereço: Rua Luiz Ventura, 75 – Vila Piedade – Itabira/MG – 35900-205 Telefone: (31) 3839-2289 Nome da Instituição: Unidade Mista de Saúde Setor Responsável: Endereço: Av. 45, 164, Elândia – Ituiutaba/MG – 38304-244 Telefone: (34) 3268-7555 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de João Pinheiro Setor Responsável: Endereço: Rua Vicente Antônio de Souza, 705 – João Pinheiro/MG - Telefone: (38) 3561-2799 Nome da Instituição: Laboratório Macrorregional de Saúde Pública de Juiz de Fora Setor Responsável: Endereço: Avenida dos Andradas, nº 222, 3º andar, Palácio da Saúde – Centro – Juiz de Fora/MG – 36100-000 Telefone: (32) 3257 8846 / 3257-8800 Nome da Instituição: Laboratório Macrorregional de Montes Claros Setor Responsável: Endereço: Av. Carlos Ferrante, 435 – Edgar Pereira – Montes Claros/MG – 39400-177 Telefone: (38) 3222-3311 / 3221-5055 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Mutum Setor Responsável: Endereço: Rua Dr. João Luiz Alves, 102 – Mutum/MG – 36955-000 Telefone: (33) 3312-1836 / 3312-1278 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Paracatu Setor Responsável: Endereço: Rua Dom Serafim, 16 – Arraial da Angola – Paracatu/MG – 38600-000 Telefone: (38) 3671-1139 Nome da Instituição: Hospital Regional Antônio Dias Setor Responsável: Endereço: Rua José Reis, s/n – Centro – Patos de Minas/MG – 38700-180 Telefone: (34) 3818-6000 Nome da Instituição: Laboratório Macrorregional de Pouso Alegre Setor Responsável: Endereço: Rua Amilton Pereira Machado, 41 – Fátima III – Pouso Alegre/MG – 37550-000 Telefone: (35) 3423-1592 Nome da Instituição: Secretaria Regional de Saúde/Secretaria Estadual de Saúde de Teófilo Otoni Setor Responsável: Endereço: Rua Engenheiro Celso, 91 – Centro – Teófilo Otoni/MG Telefone: (33) 3522-4912 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Simonésia Setor Responsável: Endereço: Rua Coronel Ardelino de Carvalho, 80 – Centro – Simonésia/MG – 36930-000 Telefone: (33) 3336-1458 Nome da Instituição: Laboratório Macrorregional de Uberaba Setor Responsável: Endereço: Av. Saudade, 1346 – Mercês – Uberaba/MG – 38061-000 Telefone: (34) 3312-1110 / 3321-5622 Nome da Instituição: Faculdade Federal de Medicina do Triângulo Mineiro Setor Responsável: Endereço: Avenida Getúlio Guaritá, s/n – Abadia – Uberaba/MG - 38025-440 Telefone: (34) 3318-5864 Nome da Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia Setor Responsável: Centro de Controle de Zoonoses Endereço: Av. Alexandrino Alves Vieira, 1.423 – Liberdade – Uberlândia/MG – 38401-240 Telefone: (34) 3213-1470 / 3213-1418 Nome da Instituição: GRS Unaí Setor Responsável: Endereço: Av. Gov. Valadares, 1634 – Centro – Unaí/MG – 38610-000 Telefone: (38) 3677-932 / 3677-9308 Nome da Instituição: Superintendência Regional de Saúde de Varginha Setor Responsável: Endereço: Rua Manuel Diniz, 145 – Industrial JK – Varginha/MG – 37062-480 Telefone: (35) 3219-2300 ......PARÁ (PA) Nome da Instituição: Instituto Evandro Chagas Setor Responsável: Setor de Saúde do Trabalhador Endereço: Av. Almirante Barroso, 492 – Marco – Belém/PA – 66090-000 Telefone: (91) 3217-3166 ......PARAÍBA (PB) Nome da Instituição: Hospital Universitário Lauro Wanderley (UFPB) Setor Responsável: Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias – DIC Endereço: Campus I, Cidade Universitária – João Pessoa/PB – 58059-900 Telefone: (83) 3216-7058 ......PARANÁ (PR) Nome da Instituição: UPA Albert Sabin Setor Responsável: Endereço: Rua Carlos Klemtz, 1883 – Fazendinha – Curitiba/PR – 81320-000 Telefone: (41) 3314-5112 / 3314-5111 Nome da Instituição: UPA Campo Comprido Setor Responsável: Endereço: Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, 3495 – Campo Comprido – Curitiba/PR – 81210-000 Telefone: (41) 3373-1332 Nome da Instituição: Hospital Municipal de Foz do Iguaçu Setor Responsável: Endereço: Rua Adoniran Barbosa, 370 – Jardim Central – Foz do Iguaçu/PR – 85864-380 Telefone: (45) 3521-1951 ......PERNAMBUCO (PE) Nome da Instituição: Hospital Universitário Oswaldo Cruz Setor Responsável: Setor de Infectologia Endereço: Rua Arnóbio Marques, 310 – Santo Amaro – Recife/PE – 50100-130 Telefone: (81) 3184-1200 / 3184-1319 ......PIAUÍ (PI) Nome da Instituição: Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela Setor Responsável: Setor de Epidemiologia Endereço: Rua Gov. Raimundo Arthur de Vasconcelos, 151, em frente à Dermatologia do HGV – Centro /Sul – Teresina/PI – 64001-150 Telefone: (86) 3222-4377 ......RIO GRANDE DO NORTE (RN) Nome da Instituição: Hospital Giselda Trigueiro Setor Responsável: Núcleo de Vigilância Epidemiológica Endereço: Rua Cônego Monte, 110 – Quintas – Natal/RN – 59037-170 Telefone: (84) 3232-7944 Nome da Instituição: Hospital Rafael Fernandes Setor Responsável: Núcleo de Vigilância Epidemiológica Endereço: Rua Prudente de Morais, s/n – Centro – Mossoró/RN – 59610-100 Telefone: (84) 3315-3484 ......RIO GRANDE SUL (RS) Nome da Instituição: Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre Setor Responsável: Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) da UFCSPA Endereço Hospital: Praça Dom Feliciano, s/n – Centro – Porto Alegre/RS Endereço Ambulatório: Rua Prof. Annes Dias, 285 – Centro – Porto Alegre/RS – 90020-090 Telefone: (51) 3214-8080 / (DIP) 2314-8035 / 9968-6076 ......RIO DE JANEIRO (RJ) Nome da Instituição: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Setor Responsável: Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Treinamento em Malária (CPDMAL/Fiocruz) Endereço: Av. Brasil, 4365 – Manguinhos – Rio de Janeiro/RJ – 21045-900 Telefone: (21) 3865-9554 / 3865-8145 / 3865-9507 / 3865-9594, (plantão) (21) 9988-0113 ......RONDÔNIA (RO) Nome da Instituição: Coordenação Estadual do Programa de Controle da Malária – PECM Setor Responsável: PECM/GTVAE/AGEVISA/RO Endereço: Av. Nações Unidas, 1.300 – Roque – Porto Velho/Rondônia – 76804-436 Telefone: (69) 3216-5294 Nome da Instituição: Centro de Pesquisa Médica Tropical (CEPEM) Setor Responsável: Endereço: Av. Guaporé, 315 – Lagoinha – 76812-303 Telefone: (69) 3219-6013 ......RORAIMA (RR) Nome da Instituição: Hospital Coronel Mota Setor Responsável: Endereço: Av. Coronel Pinto, 636 – Centro – Boa Vista/RR – 69300-00 Telefone: (95) 3224- 9285 ......SANTA CATARINA (SC) Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua Dom Joaquim Domingues de Oliveira, 100 D – Passo dos Fortes – Chapecó/SC – 89805-170 Telefone: Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua Júlio Gaidizinsk, s/n (em frente ao Hospital São José) – Criciúma/SC Telefone: Nome da Instituição: Hospital Nereu Ramos Setor Responsável: Endereço: Rua Rui Barbosa, 800 – Agronômica – Florianópolis/SC – 88025-301 Telefone: (48) 3216-9300 Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua Felipe Schmidt, 778 – Centro – Florianópolis/SC Telefone: Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua Eliziário de Carli, 795 – Santa Tereza – Joaçaba/SC – 89600-000 Telefone: Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua XV de novembro, 70 – Centro – Joinville/SC – 89201-600 Telefone: Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua Santos Dumont, 131 – Centro – São Miguel D’Oeste/SC – 89900-000 Telefone: Nome da Instituição: LACEN (unidade de referência para diagnóstico) Setor Responsável: Endereço: Rua Rui Barbosa, 339 – Centro – Tubarão/SC – 88701-600 Telefone: ......SÃO PAULO (SP) Nome da Instituição: Hospital das Clínicas (FMUSP) Setor Responsável: Ambulatório dos Viajantes Endereço: Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 - 4º andar, bloco 8 (Prédio dos Ambulatórios) – Cerqueira César – São Paulo/SP – 05403-000 Telefone: (11) 2661-6392 / 2661-8025 Nome da Instituição: Instituto de Infectologia Emílio Ribas Setor Responsável: Núcleo de Medicina do Viajante Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 165 – Cerqueira César – São Paulo/SP – 01246-900 Telefone: (11) 3896-1200 Para conhecer as outras unidades de referência para atendimento de malária no estado de São Paulo, acesse: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/zoo/malaria12_unid_ref.htm ......SERGIPE (SE) Nome da Instituição: Hospital Universitário Setor Responsável: Infectologia Endereço: Av. Claudio Batista, s/n – Sanatório – Aracaju/SE – 49060-100 Telefone: (79) 2105-1744 ......TOCANTINS (TO) Nome da Instituição: Hospital de Doenças Tropicais do Tocantins Setor Responsável: Infectologia Endereço: Avenida José de Brito, 1015 – Setor Anhanguera – Araguaína – 77818-530 Telefone: (63) 3411-6009

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MALÁRIA NO BRASIL, EM PARTICULAR NO RIO DE JANEIRO.

Casos de malária no Rio de Janeiro assustaram muita gente e até virou notícia em Nova York, alguns ficaram estarrecidos em ver doença do século passado ou de épocas passadas, presente e assolando nossa população em dias atuais, outros colocaram a culpa nos mosquitos Anopheles da Mata Atlântica, outros se apressaram em dar explicações referentes à origem dos plasmódios, outros acham que é uma doença sem controle ou de controle impossível, outros acham que nossos macacos de nossa Floresta Atlântica são os culpados e outros infelizmente acham que quando não chove nossos mosquitos ficam mais revoltados e formam exércitos numerosos e aglomerados tornando-se potentes transmissores de malária e outros acham que é assim mesmo e que os casos de malária no Rio de Janeiro ocorrem por que Deus assim quer. Nossos controladores de epidemias e endemias estaduais e municipais sentem-se impotentes diante de 14 ou 18 casos de malária, alguns ainda sem definição epidemiológica. Que caos! No Brasil, anualmente, ocorrem milhares de casos de malária na Amazônia e algumas centenas de óbitos todos os anos. Tanto os casos daqui quanto os de lá merecem esse mesmo nível de preocupação de pesquisadores, da mídia e da população daqui do sudeste. Afinal todos são brasileiros expostos ao risco de contrair a doença. Na Amazônia, o amazônida é vítima de sua própria malária, porque uma grande parte dos casos não é tratada com a velocidade que o controle da endemia requer. Além de estarem permanentemente expostos a mosquitos transmissores não é raro encontrar pessoas que já contraíram múltiplas malárias. A doença faz parte do cotidiano de vida dessas pessoas. A malária, como doença das mais negligenciadas no Brasil e no mundo se mantém endêmica porque o modelo de controle praticado não só no Brasil, mas também nos outros mais de 100 países endêmicos, não conseguem romper o ciclo da doença, que seria tratar e isolar o homem doente ou retirá-lo da frente dos mosquitos transmissores, ou até mesmo retirá-los das áreas de transmissão, simples assim. Qual é o custo disso? Um quarto telado com o doente em tratamento dentro rompe o ciclo da doença numa área de transmissão, acreditem! Não precisamos controlar mosquitos para ter o controle da doença, até porque não conseguiremos. Um caso de malária ou dengue só acontece porque doentes sem tratamento ficaram expostos aos mosquitos transmissores. O mosquito da malária para se infectar precisa picar alguém doente. Sem doentes expostos não temos mosquitos infectados nem transmissão de malária. Controlar dengue é mais complexo porque o mosquito da dengue já nasce infectado se a fêmea que fez a postura dos ovos estiver infectada com o vírus da dengue. Uma única fêmea coloca em circulação centenas de novos mosquitos infectados com o vírus da dengue. É assim que começa a explosão de uma epidemia. Essa é uma das razões do número expressivo de casos e de surtos epidêmicos localizados. Controlar mosquitos em áreas urbanas ou peri-urbanas através de eliminação de criadouros é importante porque mosquitos são insetos que incomodam e podem transmitir doenças se se infectarem. Um mosquito não infectado não transmite nada, só incomoda porque ele precisa se alimentar de sangue para sobreviver, e o sangue humano está nesse cardápio. Enquanto a culpa do aparecimento de casos for dos mosquitos e da população que não faz seu controle, essas doenças com essas características de transmissão continuarão endêmicas e sem controle em todos os lugares. A própria natureza faz o controle desses insetos naturalmente através de seus naturais predadores e de variações climáticas. Reparem que depois de um grande temporal temos poucos mosquitos sobreviventes. O Rio de Janeiro já foi um Estado endêmico de malária até a década de 1960, isto é, havia registros de casos de malária todos os dias em vários municípios. Era como a nossa dengue hoje, há registro de casos todos os dias, por isso se tornou endêmica.Como exemplo, em 1965, que não é uma data tão distante assim, em Nova Iguaçu, município de nossa baixada fluminense ocorreram 1.565 casos de malária, em 1966 um pouco menos até que em nossos dias atuais não ocorrem mais transmissão de casos autóctones naquele município. A urbanização, o desmatamento, o uso de inseticidas e o tratamento dos casos diminuiu a possibilidade de transmissão da doença. Com relação aos mosquitos transmissores daquela época, eles continuam por lá em algumas regiões, só que mais especializados. Até algumas décadas atrás ainda ocorriam poucos casos de transmissão autóctone em Nova Iguaçu. Um caso autóctone de malária é aquela situação em que os mosquitos Anopheles transmissores da doença e os plasmódios, agentes etiológicos da doença pertencem ou circulam numa mesma região. E o homem que é picado por esse mosquito infectado e que contrai a doença pode ou não pertencer à região em que circulam os plasmódios e os mosquitos Anopheles. Quando isso acontece estamos numa região endêmica ou de transmissão de malária. Em outras palavras, a maioria dos que contraíram malária em Nova Iguaçu em 1965 foram considerados casos autóctones porque havia em Nova Iguaçu mosquitos transmissores e plasmódios circulando ou com pessoas doentes ou com mosquitos infectados naquela região. Nem todos que contraíram malária em Nova Iguaçu naquela época eram de Nova Iguaçu. Outra coisa, eu disse a maioria porque alguns desses 1565 casos foram casos classificados como importados de outras regiões do país ou do exterior. Esses poucos casos importados entraram na contabilidade de Nova Iguaçu porque foram diagnosticados e tratados lá. Casos importados são aqueles em que a transmissão se dá em uma determinada região e o diagnóstico e o tratamento em outra. A região que o diagnostica classifica esse caso como importado de tal lugar. O que aconteceu em Nova Iguaçu aconteceu também em toda região extra-amazônica brasileira, isto é, estas regiões transformaram-se em regiões de transmissão interrompida pelo tratamento de casos e não pela eliminação dos mosquitos transmissores, que continuam distribuídos praticamente por todo o país. Todas essas regiões da extra-amazônia brasileira hoje estão vulneráveis a ocorrência de episódios de reintrodução da doença por possuírem mosquitos transmissores e circulação de casos importados sintomáticos ou assintomáticos de malária vindos de várias regiões normalmente endêmicas. Esse é o risco de reaparecer malária nesses locais . A malária de Mata Atlântica no Brasil, que ocorre nas regiões de Mata Atlântica de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo têm algumas características: têm o P. vivax como agente etiológico, plasmódio esse, sensível a alguns antibióticos e antimaláricos, casos com baixa parasitemia, sintomas exuberantes em primo infectados, isto é, em pessoas que estão contraindo malária pela primeira vez, o Anopheles cruzii como principal mosquito transmissor que se procria em bromélias presentes na floresta e um número inexpressivo de casos se comparado com o número de casos amazônicos. As bromélias são plantas que acumulam água em suas folhas e abrigam diversos predadores das larvas e das formas adultas desses mosquitos. Normalmente a densidade desses mosquitos é baixa em função da existência de predadores e da quantidade de bromélias existentes na mata. São Paulo é o Estado que mais detecta esses casos. Uma grande parte desses casos é diagnosticada na rede pública e particular como febre de origem obscura. Esses casos transformam-se em casos perdidos epidemiologicamente quando diagnosticados como febre de origem obscura e tratados com antibióticos. Alguns desses pacientes se curam de uma malária que sequer saberão que contraíram, quando tratados e diagnosticados dessa forma. Outro problema nessas regiões é a presença de pacientes assintomáticos, que são pacientes que tem o plasmódio no sangue, produzem gametócitos e infectam mosquitos. Como a parasitemia é baixa nesses pacientes, a oferta de gametócitos também é baixa, e, por conseguinte a infectividade nos mosquitos também é baixa. A infectividade está relacionada com a quantidade de formas plasmodiais infectantes presente na glândula salivar do mosquito transmissor. Os gametócitos são as formas plasmodiais infectantes para o mosquito e parasitemia se refere à quantidade de protozoários presentes no sangue do paciente com malária. Na Amazônia e nos outros países endêmicos os pacientes assintomáticos são tão negligenciados como a própria doença. Sequer são detectados e muito menos considerados caso. Esse é um problema que tem proporções continentais no planeta e que não faz o controle da endemia caminhar. Esses pacientes devem ser diagnosticados e tratados como se sintomáticos fossem, sob pena de manterem o plasmódio em circulação na região onde se encontram, infectando mosquitos e mantendo a malária como endêmica. No Rio de Janeiro, Nova Friburgo foi o Município que mais identificamos e estudamos esses pacientes através de inquéritos sorológicos para P. vivax e esfregaços sanguíneos. O controle dessa malária de Mata Atlântica passa pela identificação e tratamento desses pacientes assintomáticos de malária. Enquanto esses casos não forem diagnosticados e tratados como se sintomáticos fossem, o esperado é que ocorram novos e esporádicos casos de malária nessas regiões. Essa malária de Mata Atlântica não é letal, mas causa o desconforto da toxicidade e das lesões celulares e teciduais de toda malária. Em pacientes imunodeprimidos e mulheres grávidas essa malária por P. vivax pode trazer complicações clínicas graves. Outro problema no Rio de Janeiro se refere à magnitude da letalidade por malária que por aqui ficou dezenas de vezes maior que na Amazônia nos últimos anos, considerando a desinformação assistencial sobre a doença e ao fato de não se pensar em malária diante de um paciente febril vindo de área de transmissão da doença. Isso leva ao óbito desnecessariamente pelo retardo de diagnóstico e tratamento pacientes que contraíram a doença em áreas endêmicas, principalmente aqueles que vêm de países Africanos e Asiáticos. Não são poucos os brasileiros que contraem malária por P. Falciparum em Angola, alguns morrem por lá e outros morrem por aqui por desinformação quando retornam. O desconhecimento do período de incubação ajuda o próprio doente a não pensar em malária e muitas vezes a se automedicar contra os principais sintomas como febre, diarréia, vômitos, dor abdominal, dor de cabeça ou mal estar geral. O Brasil é um país endêmico de malária. Essa possibilidade de diagnóstico deve ser sempre levantada diante de um paciente febril, principalmente por causa dos casos importados que migram de um lugar para o outro levando junto os plasmódios e a doença. Malária é uma doença que evolui muito rapidamente para suas formas graves e o óbito se não for diagnosticada e tratada, principalmente a causada pelo P. Falciparum, aliás, malária por esse protozoário deve ser considerada sempre como uma emergência médica em função da gravidade das complicações clínicas. Sequelas neurológicas por malária em crianças que desenvolveram as formas graves da doença e sobreviveram representam um enorme fardo para a sociedade e para a saúde pública. Os países africanos conhecem essa história mais do que ninguém e sentem-se impotentes diante desse problema. Malária por P. falciparum em crianças na Amazônia, nos países amazônicos e na América Central não é muito diferente. Todos nós assistimos a tudo isso passivamente e de braços cruzados. O controle da malária enfrenta problemas continentais de toda ordem e continua pedindo socorro no planeta! O produtivo seria correr atrás do homem doente e ir atrás dele de forma profissional, querendo achá-lo e querendo tratá-lo. Os mosquitos são gigantescamente numerosos, especializados e de controle impossível. Os mosquitos só se infectam e transmitem as antroponoses como malária, dengue e agora chikungunya se picarem e se alimentarem com o sangue do homem doente. Só temos a natureza, os predadores, as variações climáticas e algum conhecimento a nosso favor para controlá-los. Não esperem por uma vacina eficaz contra a malária tão cedo. Os mosquitos transmissores e os plasmódios estão sempre dois passos à frente de tudo que conseguimos saber sobre eles. Dr Wanir José Barroso, sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias pela Fiocruz/RJ e ex-coordenador do Programa de Controle de Malária no Rio de Janeiro.

terça-feira, 9 de julho de 2013

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Avaliações da malária norte americana (USA). Avaliações da malária em Manaus e no Acre/Brasil. Contrastes da doença e dos doentes.

Every year, millions of US residents travel to countries where malaria is present. About 1,500 cases of malaria are diagnosed in the United States annually, mostly in returned travelers.CDC/USA http://www.cdc.gov/features/dsmalariasurveillance/index.html */a> "> "> Hoje não são muitos os americanos que contraem ou morrem de malária, mas ela já assolou o território americano e fez muitas vítimas em épocas não muito distantes. Hoje ainda a malária continua sendo um problema de saúde pública continental dos mais sérios em vários países, inclusive nos de primeiro mundo, que tem muitos casos importados, que são aqueles casos em que se contrai a doença em um lugar normalmente endêmico (com registro de casos) e o diagnóstico e o tratamento é feito em outro, em função da movimentação das pessoas com malária e do período de incubação que pode variar de 8 a 30 dias ou mais. O período de incubação é aquele período em que não há sintomas e que corresponde a fase hepática da doença. Nos países de primeiro mundo e nas regiões de transmissão interrompida como em algumas regiões do Brasil, da América e da Europa os recursos assistenciais e laboratoriais para a malária são escassos, concentrados em algumas regiões e pouco divulgados o que favorece muito o aumento do risco de se morrer de malária simplesmente porque não se pensa em malária como possibilidade de diagnóstico. Hoje no planeta meio bilhão de pessoas são atingidas pela malária e centenas de milhares vão ao óbito todos os anos ou por falta ou por retardo de diagnóstico e de tratamento de uma doença que não tem vacina mas tem cura. São mais de 100 países endêmicos, todos localizados em sua faixa tropical, inclusive o meu país, o Brasil. Em locais onde não há doentes com malária mas existe mosquitos transmissores, não temos transmissão da doença. Não podemos controlar ou erradicar mosquitos em lugar nenhum, mas podemos identificar e tratar os doentes com malária em todos os lugares. Se fizermos isso, podemos dizer que estamos dando enormes passos para o controle da doença. Não precisamos erradicar os mosquitos transmissores para ter a malária sob controle em lugar nenhum, até porque não conseguiremos, e muito menos culpá-los por esse gigantesco número de casos, pois eles também estão em luta pela preservação da espécie. Enquanto houver sol, chuva, floresta e água em nosso planeta haverá vida e mosquitos transmissores de várias doenças, inclusive os de malária. Eu e certamente no mínimo mais meio bilhão de pessoas ficaríamos imensamente agradecidos se você também hasteasse a bandeira do controle da malária no planeta, pois seu controle é responsabilidade de todos e tem dimensões continentais, e mais do que isso, precisamos sair da condição de expectadores desse sofrimento humano. Wanir Barroso, sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias pela Fiocruz-Brasil. Link dos vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=p_jwEsolJkw a> https://www.youtube.com/watch?v=tT4OZC3w7TQ

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Malária - informações importantes e fotos comoventes

"> "Congratulações à Professora Claudia Renata e seus alunos pela produçao deste vídeo e por abraçar esta causa com tanta competência. São verdadeiras e comoventes a situação apresentada sobre a malária nos países africanos. Lembrando que situação dos outros países endêmicos e do Brasil não é muito diferente entre os que contraem a malária. Vejam também os vídeos de Anajás e Oeiras na Ilha de Marajo no Estado do Pará, http://malariabrasil.blogspot.com.br/2011/07/triste-realidade-da-malaria-na-amazonia.html . Quanto ao acesso malárico, este culmina com a febre que corresponde ao momento em que as hemácias estão se rompendo. Quanto maior o número de hemácias que se rompem ao mesmo tempo maior a febre. As hemácias que se rompem são os esquizontes sanguíneos, que nada mais são do que as hemácias repletas de protozoários maduros que nascerão prontos para invadirem novas hemácias quando lançados na corrente sanguínea. Se o tratamento não for iniciado rapidamente a doença segue seu curso para as complicações clínicas e as formas graves da doença através da intensa destruição celular sanguínea que desestabiliza o funcionamento de vários órgãos. Os primeiros órgãos a sentirem os efeitos dessa devastação celular são os rins, o fígado e o baço. Se o paciente for picado por mosquitos infectados de manhã e à noite ele desenvolverá duas malárias ao mesmo tempo com muitos picos febris e intervalos menores entre cada febre, pois terá protozoários em vários estágios evolutivos diferentes. Terá também grupos de esquizontes sanguíneos amadurecendo e se rompendo em períodos mais curtos, alterando dessa forma o sincronismo "normal" dos episódios febris característico de cada espécie. Considere-se também que os protozoários não chegam juntos ao fígado na fase inicial da doença. Esse sincronismo irregular de períodos febris confunde inclusive os mais experientes em relação à sintomatologia e ao diagnóstico clínico. Antes de chegar ao sangue, ocorre no fígado a grande multiplicação celular dentro dos hepatócitos, também chamada de esquizogonia primária. Nesta fase não há sintomas e esta corresponde ao perídodo de incubação da doença no homem, que varia de 8 a 30 dias ou mais. O maior ou menor período de incubação na malária dependente de vários fatores como: espécie parasitária causadora da malária, situação imunológica e clínica do paciente, uso de medicamentos, múltiplas malárias anteriores, entre outros. O ciclo hepático na malária na verdade não é um ciclo porque os protozoários que saem do fígado não reinfestam novas células hepáticas e sim invadem as hemácias. Os protozoários oriundos dos esquizontes hepáticos ou sanguíneos têm como alvos novas hemácias, que são células das mais especializadas por garantir a sobrevivência de todas as demais células humanas. O Plasmodium sabe utilizá-la com toda habilidade biológica e sem limitações para garantir a perpetuação da espécie e manutenção da doença. A fase de suor intenso após cada pico febril corresponde ao momento em que os protozoários que saíram das hemácias que se romperam estão invadindo novas hemácias. Se o diagnóstico e o tratamento não forem realizados rapidamente a situação clínica do paciente se agrava a cada momento, com distúrbios metabólicos cada vez mais complexos e complicações clínicas que culminam com a falência de vários órgãos como os rins, o baço, o fígado, os pulmões e o cérebro principalmente se o Plasmodium for o falciparum, responsável por quase 100% dos óbitos por malária no planeta. Casos com falência de órgãos são casos graves que necessitam de internação e tratamento médico intensivo. Crianças, idosos, mulheres grávidas, os que contraem malária pela primeira vez e portadores de outras doenças infecciosas normalmente desenvolvem quadros graves de malária independente da parasitemia, ou seja, do número de protozoários no sangue. Casos de malária cerebral em crianças que sobrevivem representa um enorme fardo para a saúde pública e para a sociedade em funçao das mais variadas formas de sequelas neurológicas deixadas pela doença. Crianças são alvos implacáveis do mosquito transmissor e do Plasmodium e as mais vulneráveis ao óbito. Os que contraem a doença e permanecem em áreas de transmissão sem diagnóstico e tratamento ajudam a manter a malária como endêmica, simplesmente por estarem doentes e expostos aos mosquitos transmissores, tornando-se uma fonte inesgotável de gametócitos que o mosquito precisa para manter o ciclo da doença e perpetuação da espécie de Plasmodium. Enfim, fica como conclusão que para contrair a doença basta ser picado por um mosquito Anopheles infectado com o Plasmodium e para um mosquito se infectar basta picar alguém doente. Sem doentes não temos mosquitos infectados e sem mosquitos infectados não temos transmissão de malária. Esse é o papel secundário que o mosquito tem no contole da doença, não precisamos controlá-lo para se conseguir o controle da doença, até porque não conseguiremos, pois enquanto houver água, chuva, sol e floresta haverá vida, em que o mosquito e outros insetos sabem usar como ninguém para sobreviverem e garantirem a perpetuação da espécie. Ao retirar o homem doente da frente dos mosquitos transmissores rompe-se a infecção no mosquito, parte mais frágil do ciclo evolutivo da doença. O aparecimento de novos casos é dependente disso. Enquanto se pensar que para controlar doenças transmitidas por picada de mosquitos a culpa é do mosquito e da população que não faz o seu controle, essas doenças continuarão endêmicas e sem controle. Essa é a principal causa da endemicidade da malária em todas as áreas endêmicas do planeta, inclusive no Brasil. Pois é, não é de hoje que a malária anda caminhando com suas próprias pernas, com suas poucas pernas e com suas curtas pernas. Precisamos deixar de lado o nosso silêncio e sair da condição de expectadores desse sofrimento humano,...pensem nisso!" WANIR BARROSO, sanitarista. https://www.youtube.com/watch?v=TDodZunX1Ks

domingo, 28 de outubro de 2012

O SEQUENCIAMENTO DOS GENOMAS DO P. FALCIPARUM, DO A. GAMBIAE E ALGUMAS DE SUAS IMPLICAÇÕES NO CONTROLE DA MALÁRIA HUMANA. (Revisão-atualização)

A malária humana é a antroponose de maior prevalência no planeta, isto é, nenhuma outra doença do homem, transmitida ao próprio homem através de alguns mosquitos do gênero Anopheles, atinge e mata um número tão grande de pessoas. O sequenciamento dos genomas fornecem a base para futuros estudos dos agentes etiológicos e dos transmissores da doença e poderão ser explorados na busca de novos medicamentos e vacinas, ou outras estratégias para controlar a expansão da doença. Apesar de mais de um século de esforços, estes foram poucos, negligenciados, pontuais e incapazes de erradicar ou controlar a malária. A malária continua sendo uma ameaça importante e crescente para a saúde pública mundial e para o desenvolvimento econômico dos países nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Estima-se há vários anos que ocorram cerca meio bilhão de casos anuais que causam cerca de 3 a 5 milhões de óbitos, sendo em sua maioria crianças com menos de 5 anos de idade. Ela está distribuída por mais de 100 países, em cerca de 112 áreas endêmicas que abrigam e expõem ao risco de contraí-la em torno de 40% da população mundial em sua região tropical. Os genes, que se encontram em todas as células dos seres vivos, são macromoléculas que contêm praticamente todas as informações sobre o funcionamento da célula onde se encontram. A determinação do seqüenciamento dos genomas do P. falciparum e do A. gambiae não deixa de ser antológica, histórica e memorável. O A. gambiae pela transmissão de um alto percentual de malária na África, onde ocorre cerca de 90% da malária do planeta, e o P. falciparum por ser responsável pela quase totalidade dos óbitos por malária. Estes estudos e, principalmente seus desdobramentos, podem vir a dividir a história da malária no planeta em duas etapas distintas - a era anterior ao conhecimento do genoma dos elementos do ciclo evolutivo da doença e a era pós-conhecimento, assim como aconteceu com a descoberta dos medicamentos antimaláricos, influenciando de forma grandiosa na redução de sua letalidade em meados do século passado. Essa determinação seqüencial poderá nos proporcionar conhecer quais e quantos são os genes desses dois seres, as funções que desempenham, além de oferecer a oportunidade de encontrar respostas para as numerosas perguntas de vários determinantes biológicos da doença que ainda estão parcialmente respondidos ou simplesmente ainda estão sem respostas. O P. falciparum é um protozoário extremamente eficiente na transmissão, na instalação da doença e na aquisição de resistência aos medicamentos antimaláricos, além de não ter predileção em parasitar hemácias de qualquer idade, e se multiplicar como nenhum outro protozoário, o que contribui para o desenvolvimento das formas graves da doença ou até mesmo o óbito num período de tempo extremamente curto, deixando grave a situação clínica de pacientes que apresentam retardo de diagnóstico e tratamento. A malária causada por este protozoário se instala transpondo barreiras de contenção imunológicas com eficiência e velocidade invejáveis aos outros plasmódios que também causam malária humana. Tudo é impressionante neste protozoário unicelular, principalmente a sua multiplicação celular, extremamente veloz e numericamente grande para ocorrer dentro de pequenas e especializadas células como o hepatócito e a hemácia. A cada invasão celular são formados novos batalhões de protozoários que já nascem prontos e treinados para invadir novas células e formar novos batalhões. É uma guerra desigual, em que o homem perde a vida em poucos dias se nada for feito para detê-los. E em algumas dessas batalhas, esses exércitos ainda conseguem destruir ou inativar a principal arma humana existente, os medicamentos antimaláricos. Nossos soldados imunológicos, os anticorpos específicos, não conseguem conter exércitos numerosos e com a velocidade necessária. A doença se instala exatamente no momento em que esta batalha dá sinais de derrota. Toda a massa de protozoários formada no interior das células humanas tem suas proteínas fabricadas a partir de aminoácidos de origem humana, ou seja, o paiol de suprimentos dos protozoários, são as próprias células humanas que estão sempre disponíveis ao exército inimigo. De cada esporozoíto (forma infectante para o homem) do P. falciparum injetado durante a picada do mosquito transmissor, esse se transforma, após o rompimento do esquizonte hepático, em cerca de 40 mil novas formas plasmodiais no fígado do paciente e essas, quando caem na corrente sangüínea, invadem rapidamente cerca de igual número de hemácias e ficam se multiplicando indefinidamente por cerca de 25 vezes ao final de cada volta do ciclo eritrocitário, ou de cada pico febril, se não houver diagnóstico e intervenção medicamentosa. Na terceira volta do ciclo eritrocitário ou terceiro acesso febril, por exemplo, um único esporozoíto que penetrou pela picada do mosquito infectado geraria cerca de 625 milhões de novas formas plasmodiais, chamadas merozoítos sangüíneos que invadiriam igual número de hemácias e se multiplicariam por 25 vezes novamente, reinfestando cerca de 15,6 bilhões de novas hemácias. Um dado real: no Rio de Janeiro, em 1998, um paciente que contraiu malária por P. falciparum em Angola, na África, permaneceu por desinformação, 8 dias com sintomas e sem tratamento. Em função deste pequeno retardo de diagnóstico, ele apresentou uma parasitemia com cerca de 1,2 milhões de hemácias parasitadas por milímetro cúbico de sangue no oitavo dia da fase sintomática quando foi diagnosticado, isto é, cerca de quase 25% de seu volume sangüíneo estava comprometido pelos plasmódios. Este paciente veio a desenvolver falência de vários órgãos como os rins, o fígado e os pulmões, atingiu o coma malárico com evolução para o quadro de malária cerebral, culminando com falência terapêutica, irreversibilidade dos quadros de falência de órgãos e o óbito. A hemácia é uma célula vital para a sobrevivência de todas as células do organismo e que tem por principal função levar suprimento metabólico e oxigênio para todas as demais células do organismo. E é justamente essa célula que o Plasmodium utiliza com maior eficiência para sobreviver, se multiplicar e gerar os gametócitos (forma infectante para o mosquito) necessários para perpetuação da espécie, isso à custa da destruição de bilhões de hemácias a cada pico febril. Não menos impressionante é a participação dos mosquitos transmissores de malária como componente do ciclo evolutivo da doença, que se multiplicam às centenas de cada vez, necessitam sempre de ingestão de sangue humano ou animal para realizar a maturação de seus ovos, sem o qual a postura não se dá. Seus ovos, larvas e pupas se preservam pelo mimetismo, ou seja, tomam a cor e características do ambiente onde vivem para camufladamente não serem localizados por seus predadores. A fêmea, responsável pela multiplicação, preservação da espécie e transmissão da doença é capaz, através de em uma única cópula, armazenar todos os espermatozóides de que necessita para autofecundar todos seus ovos durante a postura e com eficiência de quase 100%. Os mosquitos machos vivem cerca de 2 semanas e as fêmeas cerca de 2 meses no meio ambiente. Os mosquitos-machos têm apenas a importante missão de produzir espermatozóides em tempo recorde, conseguir copular pouquíssimas vezes e deixá-los armazenados com a fêmea, que os utilizará somente se houver ingestão de sangue, fato que garantirá a perpetuação da espécie em mais essa etapa de luta pela sobrevivência. Desgosto à parte, por estar limitado a uma dieta pobre, ter que suportar os prazeres diferenciados da fêmea, não gozar intensamente da vida em sociedade, não comandar diretamente o processo de fecundação e morrer sem conhecer sua prole, a curtíssima sobrevida dos machos têm ainda razões desconhecidas ou será que poderá estar relacionada com a não ingestão de proteínas pela ausência de aparelho picador? Assim como as tartarugas, nem todos os ovos fecundados se tornarão mosquitos adultos, em função da existência de predadores naturais em suas diversas fases evolutivas. Um único mosquito-fêmea pode conseguir se infectar mais de uma vez e com mais de uma espécie de Plasmodium ao mesmo tempo, o que a fará transmitir ao homem o que chamamos de malária mista, que é complexa e grave. Em uma outra proeza, estes mosquitos ao picarem o homem doente, ingerem todas as formas plasmodiais existentes no sangue do paciente doente e somente os gametócitos masculinos e femininos dão continuidade às etapas de evolução no mosquito fêmea. Após a fecundação dos gametócitos que ocorre no estômago do mosquito, forma-se o oocineto, uma espécie de embrião que consegue perfurar e atravessar o estômago do mosquito, formando em sua parte externa os oocistos (pequenas vesículas) que amadurecerão e irão se romper liberando, na cavidade abdominal do mosquito, cerca de 6 à 8 mil esporozoítos por par de gametócitos ingeridos e fecundados. O estômago de um mosquito infectado chega a apresentar dezenas de oocistos em sua parede externa. Após o rompimento destes, os esporozoítos se espalharão por todo o corpo do mosquito e posteriormente migrarão para suas glândulas salivares, quando estarão prontos para transmitir a doença em tantos quantos picarem, até ocorrer o esgotamento parasitário por injeção destes através da picada ou por morte dos protozoários na glândula salivar, que ocorre naturalmente em cerca de dois meses. Desde a ingestão de gametócitos pelos mosquitos até a formação de esporozoítos infectantes passam-se cerca de 10 a 12 dias, que corresponde ao período de incubação extrínseco do ciclo evolutivo da doença. Os níveis de infectividade do mosquito se dão pela quantidade de esporozoítos presentes em sua glândula salivar. Quanto maior este número, maior sua infectividade, maior a carga parasitária injetada no momento da picada e maiores as chances da doença se instalar. Desconhece-se, por exemplo, os mecanismos pelos quais os esporozoítos passam da parte externa para dentro das glândulas salivares do mosquito, que proporção consegue penetrar e que proporção fica retida e por quê? Nem todos os esporozoítos formados se tornam formas infectantes por não conseguirem chegar às glândulas salivares. Será por obediência ao princípio de seleção natural onde só os mais capazes conseguem penetrar e sobreviver? Ou será que é necessário que uma parcela de esporozoítos se sacrifique em ficar de fora da glândula ou em abrir caminhos para que outra parcela penetre deixando o mosquito em condições de cumprir a infecção no homem? Será que existem esporozoítos operários como existem as abelhas operárias? Qual o verdadeiro motivo deste comportamento entre estes protozoários? Todas essas funções e realizações desses dois seres vivos são comandadas por complexos e ainda desconhecidos mecanismos. A comparação gênica entre seres semelhantes certamente ajudará, por exemplo, a desvendar numerosos mistérios biológicos, mecanismos de eficiência em multiplicação celular e em sobrevivência de seres nas mais adversas condições de vida. Quem sabe os caminhos da longevidade humana não estão a poucos passos de serem descobertos? Quantos e quais genes têm a mesma função nos insetos dos gêneros Anopheles e Drosophila? Um transmite a malária humana o outro é uma inerte mosquinha de fruta. Numerosas perguntas sobre o comportamento da doença, mecanismos de eficiência relacionados com a sobrevivência e multiplicação celular do Plasmodium, tanto no homem como no mosquito além da efetiva resposta humana que não consegue impedir a multiplicação celular do protozoário com a velocidade necessária, ainda estão sem respostas ou parcialmente respondidas. Muitos questionamentos ainda carecem de esclarecimentos que ajudarão a dar novos rumos ao controle e quem sabe à erradicação da malária no planeta. Abaixo, alguns destes questionamentos ainda por serem desvendados ou melhor esclarecidos: • Que estruturas moleculares dos plasmódios participam ou são responsáveis pelos mecanismos de resistência às drogas antimaláricas? • Que mecanismos e estruturas comandam a formação e a diferenciação de gametócitos e merozoítos sangüíneos nas hemácias parasitadas do homem doente? • Por que somente 5 espécies de Plasmodium conseguem causar malária humana? • Por que o P. falciparum se multiplica com uma velocidade incrivelmente maior que os outros plasmódios humanos e porque somente os esquizontes destes se fixam na parede interna dos vasos sangüíneos? • Por que o Plasmodium cumpre tantas etapas de evolução no homem e se transforma a cada etapa em uma nova forma plasmodial para desenvolver a doença? • Por que o P. ovale ficou restrito a uma região da África Oriental e não se espalhou pelo mundo como o P.vivax,o falciparum e o malariae? E por que o P. knowlesi, até pouco tempo atrás causava apenas malária em primatas e agora também causa malária humana? Que evolução aconteceu a nível de receptores? • Por que o fígado humano foi eleito pelo Plasmodium para desenvolver a esquizogonia primária e as hemácias a esquizogonia secundária? • Em que exato momento a malária deixa de ser infecção para se tornar doença? • Por que das mais de 360 espécies de mosquitos do gênero Anopheles, apenas cerca de 54 destas conseguem se infectar com o Plasmodium e transmitir a malária? . Por que somente a população geneticamente negra tem uma proteção extra contra o P. vivax? • Que mecanismos fantásticos de proteção possuem os mosquitos do gênero Anopheles para suportar imensas cargas parasitárias estranhas ao seu organismo, terem seus estômagos e glândulas salivares perfuradas e cicatrizadas múltiplas vezes, realizar o esgotamento parasitário naturalmente, conseguirem se reinfectar e ainda sobreviver frente a um protozoário tão letal para o homem? • Que proporção de esporozoítos é necessária ser injetada pelo mosquito para romper a barreira imunológica no homem e desenvolver a doença? Negligências de toda ordem, resistência à drogas antimaláricas e inseticidas, decadência da infra-estrutura de saúde pública, movimentos populacionais intensificados, agitação política e mudanças ambientais somadas estão contribuindo para a disseminação, aumento e descontrole da malária no planeta. Estudos recentes sugerem que o número de casos de malária podem dobrar em 20 anos, se novos métodos de controle não forem concebidos e implementados. Com a palavra a ciência, a pesquisa e o conhecimento humano. Dr.Wanir José Barroso, sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias pela Fiocruz/RJ E-mail: wanirbarroso@gmail.com